Muita gente (mesmo aquelas pessoas que sabem relativamente pouco de finanças pessoais) me pergunta de vez em quando se eu invisto em ações, ou se acho que a ação x ou y é boa para investir. Sempre me abstive de dar uma recomendação, pois tenho plena consciência que o meu conhecimento do mercado acionista é muito limitado. Uma coisa que aprendi é que investir numa única ação é uma ótima maneira de perder dinheiro, a não ser que se saiba bem o que se está a fazer (e ainda assim....). Mesmo entre os mais experientes em investir em ações, uma recomendação muito frequente que fazem é diversificar, ou seja repartir o investimento por várias ações. O risco diminui quando repartimos os ovos por várias cestas, ao invés de estarmos sujeitos à montanha russa que é a cotação de uma única empresa.
Por esse motivo, a única forma que arrisco é investir de uma forma minimamente diversificada, de preferência com algumas garantias.
Eis que o Banco Invest acaba de lançar um produto complexo a 12 meses que me parece bastante interessante. Trata-se do Ações Portugal, um depósito a prazo complexo, com a duração de um ano, cujo juro pago depende da valorização de ações portuguesas. A subscrição está disponível até 22 de Fevereiro.
Antes de mais, quero frisar uma das coisas mais importantes: por mais complexo que possa parecer, trata-se de um depósito a prazo, ou seja, é de capital garantido, estando sob a alçada de fundo de garantia de depósitos português. Caso o banco invest entre em incumprimento, o capital é garantido até ao valor de 100.000€ por titular. Como DP que é, ninguém tem de se preocupar com mais-valias acionistas nem nada que o valha. À rentabilidade deste depósito é apenas aplicada a taxa liberatória (28%).
O que torna este depósito de 1 ano diferente do normal é o facto de a rentabilidade estar indexada à valorização das ações de 5 empresas portuguesas: PT, Galp, BES, Semapa e Sonae, algumas das quais são das mais negociadas na praça Lisboeta.
O juro pago corresponde à média da valorização das 5 ações, com mínimo de 0% e máximo de 9,863%. Isto quer dizer que estamos expostos ao mercado acionista, mas sem corrermos o risco de perdermos dinheiro. Obviamente que o cenário de não ganhar nada durante 1 ano também não é agradável (a inflação vai comendo rentabilidade), mas penso que há boas condições para se conseguir um rendimento jeitoso.
O banco Invest já tem lançado no passado produtos estruturados que dependem das ações, mas têm funcionado num regime de tudo ou nada: ou todas as ações sobem nem que seja 0,1%, ou então ninguém leva nada. Escusado será dizer que as probabilidades de ganhar alguma coisa não são grandes, pelo contrário. Nunca fui fã destes produtos, mas este novo estruturado não tem essas desvantagens, sendo muito mais atrativo. Ainda que uma ação desça, se tudo o resto subir de forma significativa, pode ficar-se com uma rentabilidade bastante positiva no final.
Isso parece-me muita fruta. Então não nunca perdemos nada, podendo apenas ganhar com as valorizações das ações? O que é que o banco ganha com isso?
É de certa forma semelhante ao que acontecia com o fundo autónomo do Eurovida Renda 2015, embora esse produto pagasse um juro fixo. Aqui, caso as ações valorizem mais do que 9,863%, o banco arrecada a diferença. É esse o preço de termos um "colchão" que evita prejuízos. E a razão pela qual este produto foi lançado é porque se espera, no próximo ano, alguma valorização da bolsa portuguesa, que está em recuperação desde os níveis de amargura de meados do ano passado.
Este DP tem um mínimo de investimento de 1000€. No entanto, relembro que para ser abrir conta pelo Invest pela 1ª vez são necessários 5000€. Mas quem não quiser expor-se tanto a este produto pode sempre aplicar apenas uma parte aqui e outra em depósitos a prazo convencionais. Naturalmente, este depósito não pode ser mobilizado antecipadamente. Logo, só é indicado para dinheiro que não seja preciso durante 1 ano, e para quem esteja disposto a correr o risco de não receber nada no final do prazo. De momento, as perspetivas são boas, pelo que decidi investir neste produto. Se alguém sempre quis estar exposto a ações, mas temia grandes perdas, esta parece-me uma boa oportunidade para aproveitar.
Deixo aqui a ficha normalizada do depósito, para quem quiser saber mais informações.
De sbnight a 12 de Fevereiro de 2013 às 21:26
Mais um bom post :) Fiquei com a "pulga" atrás da orelha... Sr Rui em termos de bancos a nivel nacional, quais serão os melhores bancos para se ter em conta e investir, sem custos de manutenção?
Eu tenho conta no Activobank que não tem custos de manutenção de conta :) e tem muito boas opçoes e ferramentas online... Estou a tratar da abertura da minha nova conta no Privat conforme recomendado por si, e tambem me pareceu uma optima opção por tudo o que li e investiguei. E nessas pesquisas tambem me deparei com o Banco Invest como um dos melhores, pena serem tão alto os requerimentos para abertura de conta, pois gostei desta sua ideia. Sabe me dizer mais sobre o Invest e aberturas de novas contas? Poderei por exemplo abrir a conta com os 5000 euros e depois movimenta-los passado pouco tempo, como bem quiser? Obrigado, bom resto de semana !!
De
ruicarlov a 12 de Fevereiro de 2013 às 21:43
De momento, os bancos onde tenho dinheiro aplicado são o BEST, Privat, Invest e BiG. Todos sem despesas de manutenção, sendo que as melhores oportunidades de investimento se encontram nestes bancos. Quanto à abertura de conta no Invest, só mesmo na abertura é que são precisos os 5000. Não experimentei tirar de lá dinheiro logo após abrir conta, mas sei de pessoas que têm de momento a conta a 0s ou com menos de 5000€. Teoricamente não há impedimento nenhum, embora sendo um banco pequeno que conhece os clientes quase um a um, são capazes de franzir o sobrolho. Se calhar fazia-se nem que fosse um DP a um mês, só para fingir que sim e ficar nas boas graças deles :P
De sbnight a 13 de Fevereiro de 2013 às 20:56
Olá novamente :) Após uma longa pesquisa, concordo consigo Sr Rui, mas ainda não me consegui decidir entre o BIG e o BEST...
Com mais esta opção penso que terei um leque mais alargado de escolhas rentáveis ;) Já tenho conta no Activobank e estou bastante satisfeito, mas procuro como lhe disse mais opçoes e mais rentáveis, e como você proprio aconselha,é sempre melhor ter os "ovos de ouro" em diferentes "capoeiras"-" lol por isso já abri a conta no Privatbank, estará pronta em breve espero eu(demora mais pois estou emigrado) e agora estou á procura de uma terceira opção...
Em principio penso que o activo irei utilizar como quase banco normal, com alguns DP claro para agradecer, dado que nao cobra comissoes, nem anuidades de cartoes ou transferencias :) o que e muito bom!! O Privat irei utilizar para depositos a prazo e poupanças, dado as boas taxas. E o terceiro BIG ou BEST, em principio para DP e tambem fundos de investimento, obrigaçoes e acções talvez...
Estou mais inclinado para o BIG por tudo o que li e pelo que ja referi anteriormente. Pode me ajudar e dar me a sua sabia opiniao se faz favor?
De
ruicarlov a 13 de Fevereiro de 2013 às 21:32
Eu tenho conta nos dois, para fins diferentes. Para fundos de investimento, o Best é O banco. Tem sem margem para dúvidas a melhor plataforma de negociação de fundos de qualquer banco português. Tanto a nível de informação, como variedade e simplicidade. As "melhores" carteiras de fundos podem ser constituídas no best, já que diponibilizam fundos da pimco, que o Big não tem. Para além disso, costumam ter ocasionalmente outro tipo de produtos interessantes de rendimento garantido, tais como os Eurovidas e BES Vida Aforro (dos quais já falei em posts anteriores). Isto tudo sem custos de transferências interbancárias.
O ponto forte do BiG para mim é a negociação de obrigações em mercado secundário. Das obrigações que eles têm na lista não se paga comissão de custódia e têm um preçário melhor do que no Best. Para além disso, a plataforma para comprar obrigações online parece-me mais simples e intuitiva do que a do Best ou Invest (embora o Invest por telefone disponibilize uma oferta muito algargada, mais do que o BiG ou Best) sempre sem comissões de custódia.
Aproveito para acrescentar que em termos de DPs, o Invest tem em regral geral melhores taxas do que nos outros dois, com excepção dos super depósitos promocionais.
De
ruicarlov a 13 de Fevereiro de 2013 às 21:34
Por engano a colocar uns parêntesis, dei a ideia que o Big nunca cobrava custódia nas obrigações. Na realidade isso acontece apenas com o Invest. No Big, fora da lista que eles fornecem, é preciso pagar comissão de custódia.
De AD a 14 de Fevereiro de 2013 às 13:01
No best dá para subscrever Bes vida aforro? É que em dezembro do ano passado pretendia subscrever esse produto através do Best e disseram que esse produto apesar de ser do grupo BES só era possivel subscrever nos balcões do BES.
De
ruicarlov a 14 de Fevereiro de 2013 às 14:00
Sim, agora é possível subscrever o BES Vida Aforro no BEST. Mas é muito recente. Pena que a série atual do Vida Aforro fique bastante aquém da de há uns meses atrás (que eu falei aqui).
De sbnight a 13 de Fevereiro de 2013 às 17:08
Obrigado pelas dicas mais uma vez!!
Pois convinha fazer pelo menos uns DP para ficar nas boas graças deles lol ;)
Talvez abra mais uma conta ou duas num destes bancos que me indicou sem despesas de manutenção, ainda não decidi em qual, vou investigar e pensar qual será o melhor para o meu perfil.
Pois ainda não sei qual o melhor, só vi por alto; Para já o que gostei mais foi do banco BIG, a forma de apresentação e informação exposta foi o que mais me agradou, ainda me falta comparar as ofertas e rentabilidades prestadas em todos... Mas o Invest parece me um bocado exigente demais e tem apenas 3 sucursais... Enquanto o BIG e o BEST têm mais e perto da minha zona de residência(Aveiro).
Vou ver melhor, se quiser pode também me dar a sua opinião sincera !
Bom resto de semana para si ._.
De sbnight a 16 de Fevereiro de 2013 às 17:38
Ok, muito obrigado pela preciosa ajuda ;)
Quando for a PT irei então abrir uma conta no BEST, parece-me mais uma boa aposta, dado aquilo referido por si Sr Rui.
1Excelente week-end, e fico a aguardar mais posts seus :)
De JOSE CARVALHO a 18 de Fevereiro de 2013 às 09:20
Bom Dia,
Alguem se deu ao trabalho de ler a ficha tecnica?
1) Trata-se de uma produto financeiro complexo
2)Evento de credito do invest
Conclusão - Nao se trata de um deposito a prazo, nao esta coberto pelo fundo de garantia. Apesar de considerar ser um produto interessante, na tomada de decisão nao podemos ser "enganados" com opinioes pouco fundamentadas e conhecedoras do mercado de capitais.
De
ruicarlov a 18 de Fevereiro de 2013 às 10:45
Pois claro que me dei ao trabalho de ler a ficha técnica. Até pus o link no post. É um produto financeiro complexo no sentido em que a fórmula de cálculo da rentabilidade é diferente do um depósito a prazo convencional. Mas é um depósito a prazo e está bem explícito na ficha que tem a garantia do FGD
De JOSE CARVALHO a 18 de Fevereiro de 2013 às 17:21
Compreendo a sua questão, no entanto considero este produto dúbio , pois:
- A classificação é : Produto Financeiro Complexo e não deposito a prazo, pelo que consegui perceber na ficha técnica
- O capital está garantido sem duvida, mas sujeito a evento de credito do banco.
- A autoridade de supervisão é o Banco de Portugal? Neste caso não deveria ser a CMVM?
Confesso que fiquei com bastantes duvidas relativamente a este produto, penso que não é nada claro e depois seja em que circunstancia for tenho duvidas que o Banco de Portugal esteja provisionado para fazer face a uma falência , senão porque salvar o BPN ? Mas isso é outra historia. Penso que uma boa carteira de fundos bastante diversificada me deixam muito mais tranquilo do que este tipo de produtos, e depois se considerarmos os valores que estas acções já subiram este ano, deveríamos ter investido algures no final do ano passado. Mas esta é a minha modesta opinião Considero contudo estes espaços muito interessantes para troca de ideias.
De
ruicarlov a 18 de Fevereiro de 2013 às 18:53
A classificação de produto financeiro complexo é bastante alargada. Só por ser produto estruturado, não significa que não seja depósito a prazo. Posso pegar num exemplo já aqui falado há uns meses, os depósitos do Barclays: http://trocospormiudos.blogs.sapo.pt/2570.html
Era classificado como um produto estruturado. Mas era constituído por quatro depósitos a prazo com renbtabilidade fixa, mas prazos diferentes. Todos abrangidos pelo fundo de garantia de depósitos inglês. Não havia CMVMs aqui metidas porque o seu conteúdo eram DPs, não outros produtos. Uma situação semelhante se passa com este produto. É um depósito a prazo com rentabilidade indexada, daí ser um estruturado. A partir do momento que a ficha técnica menciona o FGD, está tudo dito.
Se o Invest falir, o FGD devolve o capital. Como o Invest é um banco pequeno, o fundo está perfeitamente provisionado para fazer face a essa falência. Com bancos grandes é que já pode haver situações mais complicadas.
De rastomir a 7 de Março de 2013 às 11:20
Bom dia caro Ruicarlov, tenho conta no Invest e relativamente a este depósito Invest Acções Portugal, infelizmente não consegui subscrevê-lo a tempo.
No entanto, está em comercialização um outro de nome “Invest Global (Ser. 13/1)” é um depósito indexado a doze meses, com remuneração variável indexada a um Exchange Traded Fund (ETF) de exposição aos mercados accionistas mundiais, “iShares MSCI ACWI Index Fund”.
A lógica do investimento é a mesma? Será uma boa opção? Não me importo de ter o dinheiro "parado" 1 ano com risco de lucro 0.
Obrigado desde já.
Sim, parece-me que tem uma lógica muito semelhante. Só que em vez de estar limitado à bolsa portuguesa, segue um índice mundial de ações. Pondo de outra forma, segue uma referência (o índice), o qual representa a performance das ações de 45 países.
Quanto a ser boa opção, não sou suficientemente versado em bolsas para dar uma opinião sobre o mercado accionista mundial, mas tendo em conta que é um investimento muito diversificado, não me parece mau de todo. De momento parece estar numa se subida. Vários gestores a nível mundial têm começado a saltar das obrigações e liquidez para o mercado accionista. Por quanto tempo isto se vai manter não sei (nem eu nem ninguém). Mas se já tem no seu património instrumentos conservadores, pode ser uma alternativa interessante para diversificar.
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